Como preparar professores para o ensino híbrido?

Como preparar professores para o ensino híbrido?

Na imahem, há uma ilustração que traz professores ensinando dentro de uma tela de computador e outro ensinando presencialmente. A imagem usada para ilustrar a preparação dos professores para o ensino híbrido.

A pandemia do COVID-19 adiantou uma tendência que já esperávamos e nos obrigou a remodelar de forma brusca nossas formas de ensino. Nesse artigo nossos professores falam sobre o que aprenderam nesse período de aulas online e o que acham necessário para preparar os professores para o ensino híbrido.

O ensino híbrido, de acordo com a especialista Lilian Bacich, “é uma mistura metodológica que impacta a ação do(a) professor(a) em situações de ensino e a ação dos estudantes em situações de aprendizagem”. Ou seja, ao se pensar no processo híbrido de ensino-aprendizagem é necessário repensar as técnicas e metodologias, tendo em mente o impacto que causarão tanto nos professores quanto nos alunos.

Confira os depoimentos:

Mariano Júnior, professor de História

Falar de ensino híbrido é falar de uma realidade antiga. No entanto, de alcance limitado por causa da tradição do mercado educacional presencial. Na década de 80, muitas escolas, principalmente públicas, usavam videoaulas para complementar a educação proporcionada pelos professores. Entretanto, de maneira compilada, sintética. Com a pandemia, o EAD virou a solução para que a educação não sofresse um total apagão. No entanto, o desafio é muito grande! Os professores, as escolas e os alunos não tinham hábitos de fazer toda uma produção pedagógica à distância, e por isso o trabalho em casa virou exaustivo.

Me sinto feliz por estar acompanhando bem esta mudança. Além disso, sabendo que a adaptação de hoje será o hábito dos próximos tempos. Creio que conseguiremos, pois o professor acima de tudo é um ser forte que batalha pela educação, que sempre foi um serviço essencial.

Desse período a maior habilidade adquirida foi resiliência. Isso devido a tanta pressão, trabalhos novos sem devidos treinamentos e problemas estruturais. Então, acredito que essa é uma habilidade essencial para o ensino híbrido. Além disso, muita perseverança e continuar acreditando no nosso melhor em nome da educação.

Mattheus Jucá, professor de Matemática

Acredito que o principal ponto para preparar os professores para o ensino híbrido é a formação continuada. Mais do que simplesmente dar uma formação inicial, ensinando como usar as tecnologias, é interessante acompanhar a utilização das mesmas. Assim, apontar os caminhos para uma constante evolução da metodologia.

A partilha de boas experiências entre a equipe de professores também é de grande valia. Práticas pedagógicas de impacto positivo podem ser replicadas e tornar o processo de ensino híbrido mais efetivo para alunos presenciais e remotos.

Além disso, é muito importante que a escola busque fornecer uma estrutura tecnológica estável. Deve-se passar pela conexão com a internet e os aparelhos utilizados, para que os professores tenham condições de preocupar-se primordialmente com os aspectos pedagógicos das aulas.

Lorran Rocha, professor de Biologia

Acredito eu que para preparar o professor para o ensino híbrido deve-se, antes de mais nada, fazer oficinas com as tecnologias que o professor vai ter disponível no momento da aula e estar certificado de que elas realmente irão estar funcionando.

Tenho tido algumas experiências em que a lousa digital está, por exemplo, descalibrada, porém ninguém nos ensinou como calibrar. Imprevistos acontecem, mas temos que estar preparados para driblá-los e, assim, garantir o melhor processo de ensino-aprendizagem possível. Acredito que seja basicamente isso: nos deixar cientes de quais tecnologias estarão disponíveis e como poderemos aplicá-las a nossos alunos!

Gina Diniz, professora de Língua Inglesa

A pandemia veio para colocar tudo de cabeça para baixo. Todos os setores tiveram de se readequar a uma mudança inesperada. Alguns já estavam mais preparados, outros tiveram de se replanejar, remodelar, como foi o caso da educação.

Passamos por treinamentos intensos a fim de que pudéssemos nos apropriar das novas ferramentas, assistimos webinars, tutoriais. Acredito que tenha sido uma boa solução, entretanto, é necessário que entendamos que os professores precisam também de apoio psicológico, agora mais do que nunca.

A preparação de professores para o ensino híbrido deve se pautar no uso das tecnologias sim, mas, para além disso, é preciso saber que temos limitações físicas e mentais. É preciso que a escola limite horário para as comunicações e que estas se dêem por meio de ferramentas mais formais, como o e-mail, pois muitas vezes trabalhamos além do nosso horário de trabalho. Não existe mais a separação entre vida pessoal e profissional e acredito que isso impacta diretamente no nosso rendimento profissional. Além disso, acredito que o suporte tecnológico (para eventuais problemas de conexão, de hardware etc.) precisa existir.

Portanto, com suporte tecnológico e delimitação de horário de trabalho, acredito que é possível que estejamos mais preparados para um ensino híbrido que ofereça qualidade e respeito a todos os envolvidos no processo.

Deborah Monte, professora de Matemática

É importante o apoio emocional para o professor, pois, mais uma vez, a aula deste profissional passará por uma mudança brusca.

Se a instituição de ensino pretender ensino híbrido é importante que os professores saibam quais equipamentos estarão disponíveis. Assim, eles podem adequar o planejamento baseado no que visualizam que pode dar certo ou não. Dentro das possibilidades da instituição, é relevante permitir que os profissionais testem antes do momento híbrido. Exemplo: teste se quem está online lhe escuta, teste o quanto de ruído da sala interfere. Além disso, verifique se a webcam deixa o que for escrito no quadro invertido (para evitar esse tipo de problema o uso de apresentações, vídeos e quadros digitais é bem-vindo).

É importante verificar também o sinal de internet do local. Ainda, deixar o notebook cadastrado em mais de uma rede e ter uma sala para ir caso tenha problema de conexão. Vale a pena combinar com as turmas presenciais sobre normas de convivência em relação ao barulho e também acolhê-los neste retorno.

Então, é muito importante que os professores saibam os desafios desse processo de ensino híbrido. É fundamental que conheçam suas ferramentas. A discussão e planejamento com base nisso são as melhores maneiras de lidar com tudo isso.

Conclusão

Ao fim da leitura dos relatos, confirmamos que o planejamento é uma das ferramentas mais importantes que um professor pode ter. No ensino híbrido, isso se intensifica. Vale ressaltar, no entanto, que adaptar o ensino para a modalidade híbrida não deve ser uma tarefa somente do professor.

Na modalidade híbrida, especialmente no momento online, se torna mais necessário do que nunca aproximar o conteúdo do aluno. Assim, possibilitando que ele realmente se interesse e consiga se tornar protagonista dentro do seu processo de aprendizagem. Dessa maneira, fugindo da “Educação Bancária”, como conceituada por Paulo Freire.

Dessa forma, é necessário que a escola ofereça equipamentos de qualidade, e apoio psicossocial aos alunos e professores, além disso, faz-se necessário também a elaboração de novas estratégias, por parte da comunidade escolar, para aproximar os alunos, seja por meio de formações tecnológicas voltadas para os professores, para que consigam dominar totalmente todas as ferramentas disponíveis ou desenvolvendo uma nova forma de comunicação para encurtar as distâncias.

Imagem traz a foto da Lara Cecília, auxiliar de Conteúdo do Desenrolado, que reuniu o depoimento dos professores do ensino fundamental.