Luz, áudio, animação, tempo, formato. Todos esses fatores podem influenciar o tempo que aluno passa consumindo algum conteúdo. Nas métricas, chamamos esse tempo de retenção. Ela é fundamental para entender se aquele objeto digital de aprendizagem está engajando o estudante. Nesse artigo, vamos conversar sobre outro fator que influencia bastante esse engajamento: a linguagem no vídeo educacional. Continue a leitura para entender mais.
Um dos elementos mais importantes no planejamento e na criação de videoaulas é a definição da linguagem a ser utilizada nesses conteúdos. Os vídeos trazem consigo uma espécie de “clima”, algo que sinaliza para os alunos se eles estão consumindo algo mais descontraído ou mais sério, por exemplo.
É interessante destacar que muitos fatores influenciam a escolha da linguagem ideal para os vídeos, listo aqui 3 delas:
- Faixa etária: alunos de idades diferentes se relacionam com a linguagem dos vídeos de uma forma diferente. Não faz sentido usar uma animação cheia de gírias próprias dos jovens para alunos de 5-6 anos, por exemplo.
- Perfil do aluno: não são só os conteúdos/professores divertidos que ganham o interesse dos alunos, certo? Há também os estudantes que preferem os conteúdos mais objetivos e focados;
- “DNA” pedagógico da marca: um fator crucial é ter uma coerência entre a identidade do projeto editorial e das videoaulas. Se você tem uma coleção super inovadora, descontraída e jovem, aposte em vídeos que tragam esses elementos em sua linguagem. Isso deve ser pensado desde a estética até os professores que ministram os conteúdos.
O repertório
Um conceito chave quando se define a linguagem de um conteúdo digital educacional é o repertório. Encare repertório como um baú com todas as referências que um criador de conteúdo leva ao gravar seu vídeo ou roteirizar uma animação. Entram nesse baú elementos culturais, sociais, artísticos etc. Por exemplo, um professor de Química é capaz de combinar o assunto de reações químicas com a série Breaking Bad (Sony Pictures Television, 2008-2014) quando já assistiu (ou pelo menos leu) este produto da TV americana.
O desafio surge quando percebemos que repertório do emissor e do receptor (aluno) são bem diferentes. Voltando ao exemplo anterior, os exemplos de Breaking Bad podem não fazer sentido algum aos alunos que não assistiram a série. Além disso, pode tornar até mais confuso o entendimento sobre o assunto. Entretanto, os alunos que assistiram aos capítulos da série devem ter um interesse alto em compreender as sinergias trazidas pelo vídeo educacional.
Por isso, conhecer os elementos culturais e linguísticos dos alunos e utilizá-los nos vídeos é fundamental! Afinal, é uma excelente forma de ampliar as chances de ter sucesso (interesse, retenção e aprendizado) em cada conteúdo.
Linguagem no vídeo educacional não é só textual
Um outro ponto essencial quando falamos sobre linguagem no vídeo educacional é que essas definições vão muito além da maneira de falar dos professores e das professoras que aparecem nos vídeos. Claro que a escolha lexical, o tom da voz, os vocativos, os exemplos usados e as gírias compõem o “clima” que comentei no início do texto, mas eles não são tudo.
Os elementos visuais (vinhetas, inserções animadas, letterings) e os sonoros também dão o tom dos vídeos. Se, antes mesmo de o professor ou professora dizer qualquer palavra, a peça educacional traz uma vinheta com movimentos rápidos, títulos em tipografias não convencionais e um background sonoro animado, os alunos já conseguem identificar uma identidade própria daquele conteúdo. E isso costuma ser bem relevante para o sucesso do conteúdo, sobretudo quando estamos falando dos primeiros segundos da produção.
Adiciono que é necessário ter muita atenção para que os elementos não textuais (visuais e sonoros) tenham coerência com o jeito de comunicar dos professores e narradores. Não é bacana ter essa vinheta hiper descolada em um videoaula com um professor que não traga elementos desse “clima” em sua fala.
Simplicidade e marca
Um ponto adicional é que, com a experiência de milhares de videoaulas produzidas para alunos, sobretudo os do Ensino Médio e pré-vestibular, a simplicidade e a identidade (“marca” do conteúdo) são muito mais importantes que robustez de elementos visuais.
Sempre que perguntamos aos alunos o que fazem gostar de uma videoaula A ou B a resposta sempre passa pela autenticidade dos professores que apresentam os conteúdos ou pela clareza do roteiro, da narração e das imagens que fazem parte do conteúdo.
A dica chave é investir em um planejamento integrado que preze pela sinergia entre:
- o “DNA” da série de vídeos que está sendo produzida;
- os elementos visuais e sonoros que compõem as peças;
- os professores, professoras, narradores e narradoras que apresentem os conteúdos, assim como suas formas de se comunicar;
- as referências que são utilizadas na construção dos conteúdos;
- o conhecimento prévio sobre o público-alvo de alunos que vão consumir este material.
Você deseja conhecer mais exemplos de como a linguagem se destaca na produção de conteúdo para estudantes? Confira nosso canal no Youtube: Desenrolou.