Transformação digital na escola: lições que aprendi

Transformação digital na escola: lições que aprendi

A imagem traz a figura de uma criança que faz sua tarefa escolar com o auxílio de um tablet. A imagem foi usar para ilustrar a transformação digital na escola.

Tudo que as escolas têm vivido com o ensino remoto não-planejado é, no mínimo, desafiador. Nas últimas semanas, pude participar e vivenciar com gestores e professores essa nova fase. Compartilhando tudo aquilo que o trabalho com conteúdo digital ensinou, assim como, aprendendo com a realidade deles. Nesse artigo, vou enumerar os principais aprendizados sobre transformação digital na escola. Se você não sabe por onde começar, alguma dessas lições podem te ajudar.

Em qualquer processo de transformação, nesse caso uma transformação digital não planejada, existe a necessidade de se construir um plano. Esse planejamento é importante por diversos motivos, mas, a razão mais importante é dar clareza a todos os envolvidos. Não subestime o poder da clareza da mensagem que você passa a seu time em uma situação como essa.

Primeiro, crie um modelo

Acredito que esse planejamento deve ter 2 elementos: um modelo de trabalho e um plano de ação. O modelo requer discussão com a liderança, análise de referências e conhecimento sobre as principais características da escola. O plano de ação é onde você vai colocando tudo o que é necessário ser feito para esse modelo sair do papel.

Para construir esse modelo, existem algumas perguntas que geram definições importantes. Abaixo, listamos algumas que consideramos primordiais:

  • Vamos ter aulas síncronas? Qual será a duração dessas aulas?
  • Quais os objetivos dessas aulas? Serão expositivas ou para tirar dúvidas de um conteúdo estudado de maneira assíncrona pelos alunos (uma videoaula assistida antes do momento “ao vivo”, por exemplo)?
  • Existe algum material específico que os professores precisam criar? Um roteiro de estudos semanal, por exemplo.
  • O que o sistema de ensino que minha escola adota está nos oferecendo? Conseguimos encaixar no modelo?
  • Vamos manter os horários de aula ou propor uma nova agenda?
  • Vamos juntar nossas turmas ou manter elas separadas?
  • Teremos avaliações? Se sim, com que frequência?
  • Como vamos registrar as atividades que aconteceram durante o momento de aulas remotas?

Vale lembrar que cada segmento de ensino (Infantil, Fundamental Anos Iniciais, Fundamental Anos Finais, Ensino Médio, Cursinho) exige respostas diferentes pelo perfil de seus alunos e professores. Ter cinco aulas síncronas diárias utilizando uma ferramenta de videoconferência pode ser excelente para uma turma de 1º ano do Ensino Médio, mas totalmente ineficaz para uma turma de 1º ano do Ensino Fundamental.

Escolha uma plataforma digital

Muitos pensam que essa é a primeira escolha mas, com bastante sinceridade, escolher uma plataforma já tendo escrito um modelo de trabalho é bem mais fácil. Com o modelo, você consegue definir que recursos serão necessários (e também os que não serão), além de já ter levantado se terá um orçamento para essa plataforma e qual será esse investimento possível.

Ao escolher a plataforma (ou as plataformas), pense nos principais elementos do modelo de sua escola. Se tiver aulas síncronas em vídeo, teremos que ter uma funcionalidade para isso. Se os alunos devem mandar tarefa de casa para seus professores, a tecnologia tem que dar essa possibilidade. E, assim por diante. É importante destacar que nem sempre as plataformas disponíveis (e que cabem no seu orçamento) trazem todos os recursos necessário e, por isso, você pode precisar fazer pequenos ajustes no modelo.

Vou trazer dois exemplos aqui:

  • O primeiro é de uma escola que decida por 100% da carga horária com aulas síncronas; para ela, uma boa plataforma de videoconferência, como o Microsoft Teams ou Google Meet, alinhada como um aplicativo de comunicação escolar (as famosas “agendas digitais”) pode dar conta do recado;
  • O segundo é de uma escola que vai trazer ainda mais pontos de contato entre alunos e professores, como guias de estudos, tarefas de “classe”, de “casa”, testes periódicos etc. Para ela, um plataforma que conecte alunos, professores e conteúdos, como o Google Sala de Aula, pode ser a melhor solução.

Aqui, mais uma vez existe a possibilidade de você utilizar os recursos digitais que os sistemas de ensino e editoras oferecem atualmente. Geralmente, eles trazem soluções de conteúdo assíncrono (complemento para alunos), de avaliação e, atualmente, também de aulas “ao vivo” entre professores da escola e suas turmas. Assim, ao certificar-se quais são as soluções que você já tem, fica mais fácil colocar em prática a transformação digital na escola.

Não esqueça de olhar também para as ferramentas que a instituição precisará para comunicar pais sobre o andamento das atividades. E também a forma como cada plataforma registra as atividades realizadas.

Treinamento no início e durante todo o processo

Com o modelo e a plataforma definidos, é hora de treinar! Professores e alunos (e também o time de coordenação) precisam estar bem preparados para pilotar as atividades digitais da escola.

É importante que os treinamentos não sejam apenas no momento inicial, mas também durante as semanas em que as aulas estiverem acontecendo. No começo, você pode trazer especialistas (do seu time ou não) para apresentar as principais ferramentas. Após isso, os próprios professores podem compartilhar as boas práticas (e as que não deram certo também) para seus colegas. Mas, não esqueça manter os treinamentos sobre isso é super importante para a transformação digital na escola.

Não esqueça de sempre ter um momento do treinamento para reforçar os elementos do modelo digital da escola, para que o foco não seja inteiramente da plataforma e de suas funcionalidades. Tão importante quanto conhecer as ferramentas tecnológicas, é estar ciente dos porquês de cada elemento presente no modelo que a escola adotou em sua estratégia de serviço digital.

A comunicação não pode ser deixada de lado

Tenho visto de perfis de Instagram e Facebook de diversas escolas e a quantidade de pais reclamando (e pedindo descontos!) é alarmante. Isso causa pânico em qualquer gestor. E a solução para isso não é tão complicada: transparência e muito contato com os envolvidos.

É natural que a comunicação com os profissionais da escola e os alunos sejam essenciais, mas, aqui, vamos destacar a comunicação com os pais, que estão ávidos por conhecer/entender as novidades desse momento. É importante lembrar que eles também estão tendo muitos desafios em casa, como trabalhar com os filhos estudando ao lado.

A transparência sobre o que está acontecendo é essencial e destaco algumas ações primordiais:

  • Responda todos os comentários: é fundamental dar respostas às dúvidas e reclamações de seus clientes;
  • Crie uma lista de perguntas frequentes: coloque em seu site e redes sociais, as principais dúvidas das pessoas com respostas curtas e diretas ao ponto;
  • Abra um canal de ouvidoria: é interessante definir um e-mail, telefone ou whatsapp para que as pessoas tenham um canal de informação rápido e completo;
  • Faça um “diário de bordo”: com periodicidade diária ou semanal, compartilhe o que tem acontecido, os acertos e os erros também. Isso vai humanizar a ação da escola e trazer os pais para o lado de vocês.

Esses foram nossos principais aprendizados técnicos para a transformação digital na escola acontecer, principalmente, nesse momento de ensino remoto não-planejado. Se você deseja conhecer um pouco mais da soluções que o Desenrolado tem feito para ajudar as escolas dos Sistemas de Ensino e Editoras, entre em contato com a gente!

Imagem traz a foto e o nome de quem escreveu o artigo. Está escrito "Igor Pelúcio, CEO" e, ao lado, há uma foto dele.