Soluções educacionais acessíveis: por onde começar?

Soluções educacionais acessíveis: por onde começar?

A imagem traz uma menina surda sinalizando em libras de frente a um notebook. A imagem foi usada para ilustrar a importância de construir soluções educacionais acessíveis que contemplem a necessidade de alunas e alunos surdos.

A educação é uma das principais ferramentas de inclusão social. Além de instruir minorias sociais, ela também é capaz de educar toda a sociedade sobre as necessidades desses grupos minoritários. Por isso mesmo, a educação precisa ser, desde o seu princípio, inclusiva. Para que isso aconteça, vários elementos precisam ser bem avaliados e estruturados. Neste artigo, vamos te apresentar pontos importantes na construção de soluções educacionais acessíveis para surdos.

Tornar a educação acessível não é uma tarefa que envolve apenas um ator social principal. Na realidade, para que ela seja realmente efetiva para a pessoa surda é necessário a cooperação de vários agentes sociais. Desde a família até o professor, existem muitos elementos que perpassam esse meio e precisam ser levados em conta.

Dessa forma, é super necessário a definição de responsabilidades. Por exemplo, a elaboração de projetos acessíveis que contemplem escolas públicas é de responsabilidade governamental, das secretarias. Já a estruturação de grades curriculares que contemplem a integração e formação dos estudantes surdos fica a cargo das escolas. Já a elaboração de materiais didáticos acessíveis, que contemplem as necessidades da comunidade surda, é da responsabilidade das editoras e sistemas de ensino.

O último ponto pode contribuir bastante para a formação de surdos em escolas regulares. Segundo o Decreto Federal nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, estabelece que alunos surdos tenham o direito a uma educação bilíngue nas classes regulares. Portanto, por meio de soluções educacionais acessíveis, é possível encontrar pontos de encontro entre ouvintes e surdos. E, para isso, é necessário desmistificar a ideia de “educação especial”.

Educação especial vs. educação acessível

Por muito tempo (e ainda é possível escutar isso), pessoas com deficiência foram chamadas de “especiais”. A origem do termo, possivelmente, vem da noção de que essas pessoas têm algumas necessidades diferentes do restante da sociedade. O termo já caiu em desuso e, portanto, não deve ser utilizado para definir a deficiência desses indivíduos. No entanto, ainda existe uma cultura muito forte de que, para incluir essas pessoas, são necessárias soluções “especiais”. E, bom, você pode imaginar como isso soa na mente de muitos: gasto de tempo, de dinheiro, etc., o que acaba afastando a vontade de investir na inclusão.

Não, não é que a acessibilidade também não vá precisar de tempo e dinheiro para ser construída. Afinal, o mundo foi aprendendo com o tempo sobre a importância dela. No entanto, é fundamental a compreensão de que soluções educacionais acessíveis não são apenas para pessoas com deficiência. Mas a acessibilidade é para todos e todas.

Portanto, na construção de soluções educacionais acessíveis esqueça a ideia de que aquilo serve apenas para alguns. E vou te dar um exemplo bem simples: imagine uma turma sem nenhum estudante surdo, mas que utiliza materiais traduzidos para Libras. Esses alunos vão aprender mais sobre a língua de sinais e, lá na frente, ao precisarem ter contato com pessoas surdas saberão se comunicar. Viu como a acessibilidade é importante para todo mundo?

Tendo isso em mente, vamos em frente!

Um mergulho cultural

O Brasil possui mais de 9,7 milhões de pessoas surdas, de acordo com o Censo 2010. Não é pouca gente. Essas pessoas têm suas vidas, suas histórias, suas particularidades, sua maneira de se comunicar, de enxergar o mundo, e sua cultura!

A compreensão cultural desses indivíduos é fundamental para trazer dentro das soluções educacionais e pedagógicas aspectos de aproximação. Por exemplo, enquanto a experiência auditiva pode ser fortemente trabalhada para a compreensão de conteúdos com pessoas sem nenhuma deficiência auditiva, para pessoas surdas, o visual tem muito mais força e precisa estar presente.

Lembre-se: a inclusão não é um simples ato de tradução, mas de fazer entender. Portanto, pergunte-se que aspectos que a comunidade surda traz em seu repertório que podem contribuir para seu entendimento?

Pergunte a quem sabe

Construir soluções educacionais acessíveis para surdos também envolve o conhecimento técnico de muitas coisas. Portanto, é imprescindível contar com especialistas no assunto. Desde a tradução de materiais até a contribuição com propostas de inclusão, essas pessoas serão fundamentais para tornar a inclusão efetiva.

Aqui, na Desenrolado, ao elaborar conteúdo digital educacional acessível, percebemos a necessidade de contar com uma Assessoria de Acessibilidade. É uma parte fundamental do nosso time!

O digital como ferramenta

Não podemos deixar de mencionar como os recursos digitais e seus avanços podem contribuir para soluções educacionais que buscam ser acessíveis. Para a comunidade surda, aspectos visuais são necessários para sua compreensão da realidade. Portanto, recursos audiovisuais são imprescindíveis para tornar as soluções pedagógicas inclusivas.

No entanto, é necessário entender que a parte visual deve ser bem aplicada. Você sabe qual o papel do intérprete em um vídeo? Ou porque é aconselhável utilizar legendas e libras para garantir mais acessibilidade? Em um dos nossos artigos, falamos mais sobre a importância de videoaulas acessíveis.

Além disso, existem mais coisas que fazem parte do texto do que a tradução. Confira um exemplo, onde uma intérprete de libras, fez mais do que traduzir.

Promoção da temática

Um próximo passo importante na construção de soluções educacionais acessíveis é como fazê-las sair do papel ou do vídeo para finalmente encontrar os alunos. Portanto, aqui duas ações que podem fazer total diferença para as escolas:

  • promoção de eventos que falem sobre acessibilidade e inclusão. Por meio deles, é possível estimular as escolas a darem espaço para alunos surdos, além de ser uma ótima oportunidade para promover as soluções que o seu material oferece;
  • formação de professores. Por lei, (Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005), todo curso de docência do país é obrigatório o ensino da Libras. No entanto, por falta de uso, muitos educadores não têm a prática da língua. Oferecer a eles formação voltada para aplicação em sala de aula é um diferencial.

Com essas dicas, esperamos te ajudar na missão de construir soluções acessíveis para a educação. Se você deseja conhecer como é uma videoaula acessível, clique aqui e role a página até chegar no terceiro vídeo. Até a próxima!

Imagem com foto de quem escreveu o texto. Ao lado da foto, acompanha os dizeres "Beatriz Nunes - Supervisora de Marketing"