Produzir videoaulas internamente ou terceirizar o serviço?

Produzir videoaulas internamente ou terceirizar o serviço?

Custa caro produzir videoaulas? A imagem foi usada para ilustrar o artigo que traz essa temática. Trata-se de uma ilustração, onde há alguns elementos dispostos de maneira aleatória. São eles um player de vídeo, um lápis, moedas, um megafone, um balão de fala e uma escada.

Sempre estou por aqui trazendo assuntos ligados a experiência dos alunos, dos professores e das escolas com os objetos digitais de aprendizagem. Engajamento, retenção, linguagem e formatos fazem parte do universo pedagógico do ensino híbrido e do EAD. Hoje, trago um tema diferente, mais alinhado às decisões econômicas e financeiras acerca da produção de conteúdo digital. Afinal, custa caro produzir videoaulas?

Este assunto interessa bastante aos gestores educacionais, que gerenciam o orçamento de produção de conteúdo das instituições. Além disso, pode ser válido para pequenos produtores e até mesmo para empresas de outros segmentos que tem interesse em produzir videoaulas para treinamento de sua equipe. Portanto, se você quiser saber mais sobre o assunto, continue a leitura.

O que você tem disponível para a produção de vídeos?

Nas conversas com diversas organizações da área educacional, o assunto “custos” é tema recorrente. “Custa caro produzir videoaulas?”, “quantas pessoas precisam trabalhar nisso?”, “quanto tempo leva para fazer x vídeos?” são algumas das perguntas que anunciam esse tipo de preocupação dos gestores e gestoras.

Muitas vezes, também somos questionados se é mais caro ou mais barato produzir internamente os vídeos educacionais, ou seja, com esforços da própria empresa para todas as etapas de construção do conteúdo digital. Não acredito ser capaz de responder esta pergunta, visto que sua resposta depende de muitos elementos. A maioria deles estando no próprio conjunto de recursos, habilidades, competências e foco que a empresa tenha. Gosto de ressaltar que qualquer empresa precisa conhecer bem qual seu core business. Isto é, o que é mais importante para ela gastar sua energia. Afinal, é possível tocar outras tarefas organizacionais junto de parceiros estratégicos.

Sendo assim, vou me concentrar neste artigo em listar e comentar os elementos de custo que precisam ser levados em consideração quando se decide produzir videoaulas e outros conteúdos digitais de ensino. Isso deve ajudá-los em seus planejamentos de projetos nessa área daqui para frente. Dessa maneira, avaliando o que há ao seu dispor, você mesmo poderá responder à pergunta: custa caro produzir videoaulas?

1. Time Ideal

Nem preciso descrever o quão importante é você ter um bom time de pessoas especializadas na produção de conteúdo.

Muitos acham que apenas editores de vídeo precisam ser contratados para um projeto de vídeos, mas a realidade é bem diferente. Você precisará de pessoas especializadas em linguagem audiovisual para adaptar os roteiros criados por professores e editores. Além disso, precisará também de pessoas capazes de realizar as diversas operações dentro de um estúdio. Se o projeto envolver animações, também fará parte do seu squad os motion designers. Além de que, é fundamental ter revisores e revisoras que entendam dos componentes dessa mídia para averiguar a qualidade de tudo que foi produzido. Finalmente, é necessário bons gestores e boas gestoras para dar conta das etapas do fluxo. E esses são apenas alguns dos cargos-chave em um processo de produção de conteúdo educacional digital.

É importante pontuar que, dependendo da cidade e do estado que sua empresa está, os salários desses cargos têm uma enorme variação.

2. Professores e professoras

Se estamos falando de conteúdo educacional, nossos roteiristas e atores são, na maioria das vezes, professores e professoras. São eles os grandes responsáveis pela qualidade pedagógica dos vídeos que estão sendo criados. Temos orgulho em dizer que, no Desenrolado, 100% dos objetos criados passam pelas mãos de 1 ou mais professores em pelo menos uma das etapas de criação.

Existem diversas formas de contratar esses profissionais. Eles podem ser contratados sob demanda para um projeto específico (pagos por cada conteúdo produzido, por exemplo) ou como colaboradores da empresa por um determinado número de horas semanais. Em ambos os casos, é fundamental se observar os custos indiretos (impostos, benefícios etc.) envolvidos na contratação. A decisão de como proceder nesta questão depende bastante da estratégia financeira da companhia.

Vale ressaltar que esses professores e professoras geralmente precisam de treinamento para se especializar nas nuances de produção de roteiros e na performance em frente às câmeras. Afinal, os custos dessa etapa não podem ser desconsiderados em um projeto.

Um outro detalhe é que, em diversos conteúdos, além dos professores, precisamos de narradores, dubladores e atores para dar vida ao conteúdo digital. É o caso de produções com motion graphics, objetos interativos e podcasts.

3. Formatos de conteúdo

Este é um ponto essencial para se entender os custos envolvidos em um projeto de conteúdo digital.

Se você terá apenas um formato de conteúdo (videoaula teórica em chroma key, por exemplo), precisa conhecer bem todas as etapas e os recursos envolvidos neste formato de vídeo. Mas, se você terá um projeto com diversos formatos, é preciso múltiplos fluxos, com recursos e ritmos de produção completamente diferentes. Neste ponto, é importante lembrar que a situação de múltiplos formatos é comum quando se busca atingir alunos e professores do Ensino Fundamental ao Ensino Médio.

Para dar um exemplo, uma videoaula em chroma key pode levar, em média, 2 horas para ser editada, enquanto um mapa mental em motion graphics deve levar pelo menos 5 vezes mais tempo.

4. Estrutura física

A estrutura física é um dos recursos essenciais para que um projeto de produção de conteúdo digital tenha sucesso. Isso porque a estrutura pode ser uma aceleradora ou retardadora dos processos de produção. Além de que, ter ou não a estrutura física pode te ajudar a saber se custa caro produzir videoaulas ou é melhor terceirizar o serviço.

Como este é um tópico bem amplo, considero fundamental ressaltar que a estrutura física geralmente se divide em 2 grandes grupos: a produção e a pós-produção.

  • Para a produção, entram os estúdios e todos os equipamentos que fazem parte dele. No estúdio, o cuidado com o isolamento e o tratamento acústico é essencial. Além disso, temos câmeras, gravadores, microfones, iluminação, chroma key, cartões de memória, etc.
  • Para a pós-produção, temos as famosas “ilhas” de edição. São super computadores especialmente desenvolvidos para trabalhar com o material audiovisual, que exige bastante dos processadores e outros componentes dos PCs.

Sempre é importante dar preferência a fornecedores que ofereçam garantia e permitam acesso fácil a assistência técnica desses itens.

5. O custo invisível do tempo

Um custo poucas vezes mensurado em projetos assim é o que está associado ao tempo para se alcançar os objetivos de produção. Não me refiro apenas ao tempo necessário para se desenvolver cada objeto digital. Neste caso, é preciso tempo para o período pré o pós projeto.

No pré, precisamos de dedicação (e tempo, claro!) para se viabilizar toda a estrutura física. Além disso, contratar o time certo, selecionar professores, cuidar da parte jurídica, fazer pilotagens etc.

No pós, que considero até mais importante, os resultados de cada videoaula produzida precisam ser medidos constantemente. Afinal, é preciso corrigir problemas e gerar melhorias ao longo do tempo. De certa forma, esses projetos deveriam ser programas contínuos de produção, visto que o feedback dos alunos, professores e escolas é essencial para o sucesso desse investimento.

Estes são alguns dos elementos que devem ser considerados ao se planejar o orçamento para produção de conteúdo digital na sua empresa. Se custa caro produzir videoaulas? É uma pergunta difícil de responder, pois essa resposta depende essencialmente do retorno esperado para esse investimento. Um passo muito importante é conhecer bem esses elementos, pois desconsiderar a existência deles pode jogar todo o plano por água abaixo.

Imagem traz a foto e o nome de quem escreveu o artigo. Está escrito "Igor Pelúcio, CEO" e, ao lado, há uma foto dele.