Há muitos debates que envolvem o Novo Ensino Médio devido às grandes mudanças que esse prevê. O impacto nos estudantes, a mudança de currículo e novos conteúdos são exemplos de alterações complexas que vêm por aí. Nesse artigo, queremos destacar mais uma: afinal, o que muda para os professores no Novo Ensino Médio?
Existem mudanças cruciais que mexem com o trabalho diário (e até a formação) dos educadores, como a interdisciplinaridade. Além disso, a própria condução e construção de conteúdos em alguns casos é diferente, como nos itinerários formativos. Diante de novas responsabilidades, os professores ganham ainda mais o papel de mediadores desse processo para os estudantes.
Interdisciplinaridade: desafios e consequências
Ir de uma disciplina para uma área do conhecimento. Se antes os conteúdos eram trabalhados por matérias diferentes e separadas (como português, biologia, geografia, etc.), a proposta do Novo Ensino Médio separa tudo em quatro grandes áreas: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Na teoria, a proposta deseja oferecer ao estudante conteúdos mais contextualizados, que fazem parte de um todo. Desse modo, a interdisciplinaridade é uma das bases estruturais do Novo Ensino Médio.
Esse é um dos primeiros grandes desafios para os professores. Afinal, eles não foram formados para dar aula desse modo, focando em áreas do conhecimento. Alguns educadores fazem críticas a esse modelo, visto que, algumas disciplinas podem ser colocadas de lado em comparação a outras, contribuindo para a precarização do trabalho de alguns professores. Se antes existiam horários curriculares para disciplinas específicas, agora fica a cargo das escolas decidir o que será dado e por quem nessa lógica macro.
Ainda assim, para os professores, a interdisciplinaridade já é uma realidade que exige o desenvolvimento de habilidades que contribuam com essa forma de ensino. Para eles, pode ajudar:
- Ter um olhar mais intencional com os acontecimentos da realidade, se perguntando como sua disciplina explica aquilo, mas também quais outras estão envolvidas;
- Trabalhar em equipe com outros professores, combinando projetos e atividades que unem duas ou mais disciplinas.
Mas além de uma exigência para o Novo Ensino Médio, a interdisciplinaridade também demanda esforços do outro lado. A maior parte dos professores não aprende em sua formação sobre esse elemento. Essa mudança no último segmento da educação básica vai mexer com as formações a nível superior dos educadores. Ao contrário, sempre teremos uma defasagem na prática do ensino por área do conhecimento.
Itinerários formativos: quem produz esse conteúdo?
Como já comentamos aqui, itinerários formativos podem ser muitas coisas: disciplinas, cursos, projetos, oficinas, etc. Por esse motivo, não existe um padrão nessa parte do Ensino Médio, o que acaba desafiando os professores. Afinal, cada instituição de ensino junto com seu corpo docente vai definir o que ofertar, tornando o ensino mais diverso.
Portanto, os educadores precisam estar bem alinhados junto às escolas nesse processo. Assim como a interdisciplinaridade, a construção dos itinerários formativos é uma lacuna na formação dos professores, que precisa ser vista desde o ensino superior. Nesse caso, a escola precisa ir ao encontro da necessidade desses professores para colaborar em sua formação no dia a dia.
Apesar dos itinerários serem uma escolha dos alunos, o educador precisa mediar esse processo. Por isso, é fundamental:
- Se informar e estar ciente sobre quais itinerários formativos serão ofertados;
- Como se dará a execução deles;
- Se você tiver envolvido na execução, elaborar planos de formação sobre o assunto e de execução;
- Partilhar da experiência com outros professores;
- Se aprofundar naquilo que o Sistema de Ensino da sua escola oferece, etc.
Uma outra polêmica que envolve essa parte do Novo Ensino Médio é a possibilidade de que, em alguns casos, os professores sejam substituídos por outras pessoas que tenham formação mais técnica. No entanto, é altamente recomendável que os educadores façam parte desse processo.
Primeiro, são eles que vão poder aliar o conteúdo visto na parte geral com a escolha dos alunos dentro dos itinerários. Segundo, o processo de escolha profissional envolve também conversas sobre projeto de vida, o que demanda confiança na pessoa que guia esse processo. Por isso, os professores, que já conhecem os alunos, são peças fundamentais nesse desenvolvimento.
Professores no Novo Ensino Médio: mais mediadores do que nunca
Se com a expansão das novas tecnologias e a mudança do perfil dos alunos já existia uma forte necessidade que os professores trabalhassem como mediadores do conhecimento, o Novo Ensino Médio oficializa tudo isso. A proposta coloca o desenvolvimento da autonomia dos alunos como uma das principais metas a ser alcançada, finalizando em uma escolha profissional mais consciente.
Por todo esse contexto anterior e a nova proposta, faz-se necessário professores que instiguem o protagonismo estudantil. Sabemos que no dia a dia pode ser fácil cair no automático e apenas dar a matéria. Por isso, separamos dicas de como ser esse docente mediador:
- Escute seus alunos sobre o que eles estão aprendendo quando não estão em sala. Tem algo desse aprendizado que você pode utilizar?
- Realize atividades que estimulem os alunos a buscarem conhecimento por si só.
- Use ferramentas digitais dentro desse processo.
- Aproveite a prática de metodologias ativas.
Por fim, esperamos que essas dicas te ajudem a entender os principais tópicos para a atuação no Novo Ensino Médio. Tudo isso será um grande aprendizado! Se esse artigo te ajudou, compartilhe com mais colegas. Até a próxima!