A representatividade é um conceito que tornou-se mais popular nos últimos anos. A definição dada pelo Google junto com a Oxford Language é “qualidade de alguém, de um partido, de um grupo ou de um sindicato, cujo embasamento na população faz que ele possa exprimir-se verdadeiramente em seu nome.” Hoje, podemos afirmar que o efeito da representatividade vai além das esferas políticas institucionais. Ela alcança produções midiáticas, cargos em empresas, etc. Por fim, e não menos importante, o conceito também chega à educação. Neste artigo, vamos falar sobre a representatividade no material didático e a importância dela para os estudantes.
Um dos objetivos da representatividade é a garantia de direitos para minorias sociais. No entanto, além desse propósito, a representatividade é um fator fundamental para a construção de identidade. De maneira geral, desde a primeira infância até a adolescência, as pessoas estão nesse processo de se entender enquanto indivíduo e participantes do mundo ao seu redor. E, no entanto, onde se dá esse primeiro momento? Na escola!
É nesse espaço, portanto, que crianças e jovens mais podem aprender sobre representatividade. Além disso, verem como ela funciona na prática. É importante frisar que o conceito não auxilia apenas o empoderamento de minorias sociais, mas também para contribuir com estudantes que não são de minorias sociais, mas desde cedo, poderão ver outros grupos ocupando espaços. Portanto, sendo uma importante ferramenta para gerar uma sociedade mais justa.
Confira algumas iniciativas importantes para tornar o material didático mais representativo:
Quem está nos livros e apostilas?
O primeiro passo é analisar quem está nos livros e apostilas. As imagens ali colocadas trazem à tona a representatividade? Um fator importante para se atentar é que a representatividade não significa apenas ter fotos de pessoas negras, mulheres, LGBTQI+, etc. A representatividade está ligada a esses grupos ocuparem espaços que historicamente não foram permitidos.
Um exemplo bem comum é a retratação de pessoas negras nos materiais didáticos como pessoas escravizadas. Sabemos que esse é um fato histórico. No entanto, esse contexto deve se ater aos capítulos que discutem essas questões. Em outras matérias, conteúdos, os indivíduos negros podem ocupar outros lugares nas imagens. Sendo um médico, uma empresária, etc.
A pluralidade é importante na escolha das imagens. Ele irá tornar presente a representatividade no material didático.
Quem são os autores e que histórias são contadas?
Sabemos que os livros paradidáticos são parte integrante do processo de aprendizagem. Portanto, são ferramentas importantes para a construção de representatividade.
Uma avaliação importante é se perguntar que histórias são contadas nesses livros. Essas histórias reforçam padrões já propagados? Ou elas trazem também o protagonismo de grupos sociais minoritários? Colocam discussões importantes, como o enfrentamento de preconceitos?
Além disso, trazer a diversidade de autores é fundamental! Estudantes verão não só personagens, mas também as histórias reais de quem escreve para eles. Assim como, a diversidade de autores traz os pontos de vistas que essas pessoas têm sobre o mundo, contribuindo para a construção de um material didático mais representativo.
Consciência negra e a lei nº 10639/2003
No dia 20 de novembro é celebrado dia da consciência negra. A data foi escolhida em referência a data de morte de Zumbi do Palmares, importante personagem da resistência à escravidão no Brasil. Um dos objetivos desse dia é despertar a consciência da importância da cultura negra para a construção da cultura brasileira. E isso tem tudo a ver com representatividade!
Isso porque, de maneira geral, não aprendemos com a história quantos aspectos dos povos africanos formaram a identidade brasileira. Pelo contrário, existia (e ainda existe) um afastamento das referências identitárias desse povo. A religião, a maneira de se vestir, o cabelo, a música, a dança, etc. Todas essas questões nunca nos foram colocadas como também brasileiras. Portanto, esse fato contribuiu para que, muitas vezes, o povo negro se afastasse da sua própria identidade e não se reconhecesse nos espaços.
Você sabia, no entanto, que existe uma lei para que as escolas ensinem sobre a história africana e afro-brasileira? É a Lei nº 10639/2003. Portanto, a representatividade no material didático não se trata apenas de aspectos imagéticos. Ela tem a ver com a construção de identidade dos indivíduos através do próprio reconhecimento de si mesmo.
Essa lei é super importante para tornar seus material didático mais representativo e comprometido com a diversidade dos estudantes.