Comunidade surda: o digital como ferramenta na educação

Comunidade surda: o digital como ferramenta na educação

Na imagem, uma criança surda sinaliza juntamente com uma mulher adulta. A imagem é usada para ilustrar o artigo sobre recursos digitais contribuindo na educação da comunidade surda.

A acessibilidade ainda é um termo que carrega valores estereotipados. Muitas pessoas entendem que a acessibilidade é uma necessidade única e exclusiva de pessoas com deficiências, mas não é assim. Segundo a Lei Nº 10.098/2000, a acessibilidade consiste em possibilidades e condições de alcance para utilização. Portanto, a partir desse entendimento, é possível utilizar os recursos digitais para contribuir com a educação da comunidade surda. E é sobre isso que vamos conversar neste artigo.

A Educação é uma prática multifacetada devido os agentes pluriculturais que a constitui e dela usufruem, seja formalmente ou informalmente. Dessa forma, a Educação deve refletir sobre suas perspectivas para assim ser (re)contextualizada e útil aos diversos contextos. Você pode estar pensando: como ela será (re)contextualizada e útil? A resposta se resume a uma palavra: aproximação. A partir do momento em que a Educação torna-se próxima dos agentes (estudantes, professores, funcionários, comunidade, enfim), os processos de ensino e aprendizagem tornam-se significativos. Como consequência, conseguimos despertar e aumentar o interesse dos alunos por aprender.

 

Como aproximar a Educação ao Povo Surdo e à Comunidade Surda?

Perceba que não especifiquei “ educação especial”, “educação de Surdos”, “educação especializada”, porque nosso objetivo é tornar o todo a todes. Podemos listar várias dificuldades que o Povo Surdo enfrenta para que a Educação seja acessível. Afinal, quando falamos em acessibilidade não devemos limitar à presença dos profissionais Tradutores e Intérpretes em sala de aula ou em um vídeo. Aqui no Desenrolado, por exemplo, temos uma Assessoria de Acessibilidade.

Pense comigo: para um processo educativo, basta ter professores em sala de aula que falem o mesmo idioma que os discentes falam? Não! O processo educativo envolve:

  • Aproximação entre docentes e discentes;
  • Aproximação entre os diversos agentes (escolares, comunitários, familiares);
  • Aproximação entre as diversas instâncias do currículo escolar;
  • Aproximação entre os conteúdos;
  • Aproximação entre o que é ensinado/aprendido e os estudantes e docentes;
  • Aproximação entre os recursos didáticos e as propostas de ensino;
  • Aproximação entre os recursos didáticos e os estudantes.

Reflexões importantes

Nessa rápida pontuação do que devem-se envolver em um processo educativo, já podemos refletir nas dificuldades encontradas pelo Povo Surdo. Portanto, para te ajudar a ter essas percepções, seguem algumas perguntas:

1. Como vou aproximar docentes ouvintes dos discentes Surdos, sem capacitações?
2. Como vou aproximar docentes dos estudantes Surdos, sem em meu quadro profissional ter docentes Surdos?
3. Como vou aproximar os estudantes ouvintes dos Surdos ou de pessoas Surdas, sem ter conteúdos didáticos coerentes sobre a Cultura Surda? Cuidando para não criar dicotomias estereotipadas.
4. Como vou instigar a consciência dos discentes ouvintes e Surdos sem ter conteúdos didáticos coerentes ao contexto da Comunidade e Povo Surdo?
5. Como vou aproximar os conteúdos ensinados sem organização didática acessível?
6. Como vou aproximar meus recursos didáticos à pluralidade cultural se só coloquei um tradutor?

Os recursos digitais podem driblar essas questões!

No cenário de tantas reflexões embasadas nas atualizações da Base Nacional Comum Curricular que menciona a Libras como uma das diferente linguagens para o fomento das competências gerais da Educação Básica (se liga que a Libras não foi mencionada para uma educação específica!), a questão é: como os recursos digitais podem nos ajudar a resolver os questionamentos antes apresentados?

A produção de recursos digitais acessíveis possibilitam:

  • Acessibilidade comunicativa uma vez que a presença do tradutor é possível;
  • Visibilidade comunicativa uma vez que no recurso digital há construções de múltiplos espaços de atenção e valorização linguística;
  • Adaptação dos conteúdos uma vez que as propostas didáticas são elaboradas e estruturadas seguindo as particularidades dos públicos (percebam a importância da pluralidade aqui!).
  • Ensino e aprendizado de diferentes linguagens, uma vez que podemos ter em um único material: glossários em Libras; aulas traduzidas para a Libras; professores reconhecendo a presença de alunos Surdos através de escolhas discursivas; elementos visuais como animações e letterings adaptados para estudantes Surdos e ouvintes.
  • Registros linguísticos tanto da Libras como da língua portuguesa. Imagine quantos termos técnicos e inovadores são divulgados durante uma aula específica. Sim!! A língua é viva e constantemente está inovando seu corpo linguístico.
  • Flexibilidade na divulgação e alcance de alunos, com isso despertando o interesse em aprender dos mais diferentes estudantes. E o mais instigante desse ponto é o despertar interesse em conhecer a cultura do(s) outro(s) aluno(s).

Se você deseja conhecer mais quais características formam os formatos acessíveis, acesse esse post. Deseja ver um exemplo? É só acessar nosso portfólio!

Na imagem, temos a foto da Gracy, que escreveu o texto. Ao lado da sua foto, há sua função: assessora de acessibilidade e tradutora de libras.