Durante muito tempo, houve uma forte resistência de parte dos docentes quanto ao uso de ferramentas digitais na educação. Na verdade, isso existe até hoje, principalmente no âmbito da educação básica. Neste artigo, vamos te ajudar dando dicas de como incentivar professores a usarem o digital.

Podemos considerar que o estigma em torno do ensino à distância, ou em relação ao uso de determinados recursos digitais, é uma construção baseada na experiência negativa que parte do ensino superior atravessou nos últimos anos (e ainda atravessa). Existe uma relação entre conteúdos digitais/ensino à distância e determinados discursos de “substituir o professor”, “baratear a educação” e, consequentemente, de perda da qualidade no processo ensino-aprendizagem. Tudo isso é, de fato, bastante problemático.

Mas mesmo dentro desse contexto, é possível adotar estratégias que aproximam educadores do mundo digital.

Comunicação é sempre necessário

Primeiro, é fundamental deixar nítido aos docentes qual a sua perspectiva em relação ao uso desses recursos ou em relação ao processo de ensino à distância como um todo. Se os professores não se sentem ameaçados com as propostas de mudanças, existe uma chance maior do processo de implementação ser realizado com eficácia e proatividade.

Então é muito importante ter em mente, e reproduzir isso aos professores, que: o conteúdo digital é uma ferramenta a ser manuseada pelos docentes, logo, não pode substituí-los; que o ensino à distância não substitui o presencial; e que o ensino híbrido, feito de maneira adequada, pode garantir resultados incríveis no aprendizado dos alunos. Comunicar os princípios e objetivos é fundamental para incentivar professores a usarem o digital.

Com todas e todos na mesma página quanto a esses pontos, as chances das educadoras e educadores “comprarem” a ideia do digital é bem maior. Assim, eles podem não só contribuir na implementação, mas, também, se tornarem promotores de práticas que fortaleçam o ensino híbrido na rotina da escola.

Formações são fundamentais

A segunda dica é dar as condições necessárias para que o trabalho com o conteúdo digital possa ser realizado da melhor forma pelos docentes. E a chave disso é: formação. Professoras e professores tiveram experiências diferentes em suas trajetórias e possuem conhecimentos em níveis distintos de como usar o conteúdo digital. Se for colocada uma rotina de trabalho com essas ferramentas sem que todas e todos estejam na mesma página, pode haver uma certa rejeição ao processo.

Você sabia que 8 em cada 10 professores não se sentem aptos para as aulas online? É o que aponta a pesquisa do Instituto Península. Além disso, 55% afirmam não ter recebido treinamento para atuar.

Por isso, é fundamental, antes de implementar, fazer os devidos treinamentos de uso das plataformas e fornecer material para suporte no uso dos recursos. Além disso, é necessário garantir formações não só no âmbito técnico, mas também no teórico-metodológico. Assim, os docentes terão embasamento na hora de escolher as estratégias de ensino que adotarão em suas sequências didáticas.

O acompanhamento não deve parar

Por último, a terceira dica para fortalecer a aproximação de professoras e professores do digital é: promover o acompanhamento adequado. Nem sempre os mesmos formatos de conteúdos digitais servem para todas as disciplinas e para todos os conteúdos. E nem todos os professores se adequam as mesmas metodologias ou plataformas na sua rotina de ensino.

É fundamental acompanhar o trabalho docente e os resultados da aprendizagem dos alunos em uma perspectiva diagnóstica, tentando analisar as dificuldades encontradas e propor soluções e alternativas.

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Educação é processo. Se reconhecemos isso para os alunos, devemos reconhecer também para os professores e professoras. Cada um possui seu ritmo e seu nível de apropriação dos recursos e procedimentos. Dar suporte e repertório é muito mais importante e eficiente do que cobrar resultados sem ter proporcionado as condições necessárias para um bom trabalho.

O advento do digital na educação é uma realidade. O trabalho com a cultura digital é previsto e proposto em documentos oficiais que regem a educação brasileira, e seu processo de implementação não pode mais ser postergado ou ignorado. O que precisamos é saber aproximar professoras e professores do digital de maneira adequada, respeitando suas trajetórias, suas experiências e, principalmente, os seus direitos.